campo de sucatas (Paulo Leminski)

   saudade do futuro que não houve
aquele que ia ser nobre e pobre
   como é que tudo aquilo pôde
virar esse presente podre
   e esse desespero em lata?

   pôde sim pôde como pode
tudo aquilo que a gente sempre deixou poder
   tanta surpresa pressentida
morrer presa na garganta ferida
   raciocínio que acabou em reza
festa que hoje a gente enterra

   pode sim pode sempre como toda coisa nossa
que a gente apenas deixa poder que possa