O Tygre (Gilberto Sorbini e Weimar de Carvalho)

Tygre, Tygre, em fogo ardendo
Nas florestas, noite adentro;
Que olho ou mão imortal poderia
Forjar temível simetria?

Em que abismo ou céu distantes
Ardiam teus olhos flamantes?
Em que asas voar ele clama?
Que mão ousa tomar a chama?

E que ombro, que maestria
Teu coração amoldaria?
E ao pulsar teu coração,
Que horríveis pés? Que horrível mão?

Com que malho? Com que corrente?
Que fornalha fundiu tua mente?
Em que bigorna? Que mão mordaz?
Agarra o terror com a tenaz?

Quando, no céu, estrelas baixaram
Suas lanças, e então choraram;
Ele sorriu ao que inventou?
Quem criou o Cordeiro te criou?         

Tygre, Tygre, em fogo ardendo
Nas florestas, noite adentro;
Que olho ou mão imortal poderia
Forjar temível simetria?

(Tradução de The Tyger, de William Blake)