O Tigre (Angiuli Copetti de Aguiar)

Tigre! Tigre! fulgurante,
Na floresta negrejante;
Qual sentido poderia
Saber-te a fera simetria?

Em qual longe abismo ou céus
Queima em chama os olhos teus?
Em quais asas ele ascende?
Qual a mão que ao fogo prende?

E quais ombros, e qual feito
Domar-te-ia o forte peito?
E ao começar ele a bater
Quais mãos e pés a então tremer?

Qual martelo? Qual corrente?
Fez qual forno tua mente?
Qual a forja? Qual a agarra
Seu mortal terror amarra?

Quando os astros cintilaram,
E o céu de lágrimas banharam,
Vendo seu labor, logrou-se?
Quem o cordeiro fez, gerou-te?

Tigre! Tigre! fulgurante,
Na floresta negrejante;
Qual sentido ousaria
Saber-te a fera simetria?

(Tradução de The Tyger, de William Blake)